Atendimento da Casa Godinho é “patrimônio imaterial” de São Paulo

Inaugurado em 1888, local preserva aspectos da época de sua fundação no Centro da capital
Por Igor Carvalho

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), tombou o atendimento da Casa Godinho. O órgão considera o local um dos raros remanescentes de um tipo de estabelecimento comercial que predominou em São Paulo entre o final do século XIX e meados do século XX, especializado na venda de secos e molhados.”
A resolução torna o estabelecimento o primeiro patrimônio imaterial tombado pelo Conpresp. A decisão dos conselheiros, de forma unânime, levou em consideração alguns fatores como a relação estabelecida com os clientes por meio do balcão, de forma “direta e pessoal”, além de considerar que o comércio é “uma referência na memória afetiva dos moradores de São Paulo e uma notável referência espacial no centro da cidade”, alega o Conpresp.
No comércio secular pode-se encontrar o “legítimo” bacalhau norueguês, segundo o proprietário Miguel Romano, que há 19 anos comprou a Casa Godinho. O item mais vendido no comércio são as empadas, enfileiradas no balcão principal, a mais pedida é a de alheira.
A Casa Godinho tem 124 anos. Foi inaugurada em 1888, mas foi em 1924 que se transferiu para a rua Libero Badaró, no número 340, onde se mantém até hoje. Mobiliário e outros elementos internos, como balcões, prateleiras e o forro do comércio estão em processo de tombamento, também, pelo Conpresp, desde 2009. Outros bens imateriais estão na fila, como o sotaque da Moóca, tradicional bairro da zona leste, e a festa de San Gennaro.